terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Zooey é capa na Folha falando sobre carreira e She & Him

BONEQUINHA DE LUXO

por THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

No mundo do entretenimento, há os atores-que-tentam-virar-músicos; há os músicos-que-tentam-virar-atores. E há Zooey Deschanel.

Aos 30 anos, Deschanel é atriz E cantora --não necessariamente nessa ordem. E bem competente nas duas áreas.

Nascida em Los Angeles, essa norte-americana de pele bem branca e olhos bem azuis ganhou o nome em referência ao personagem masculino de "Franny & Zooey", livro de 1961 de J.D. Salinger (1919-2010).

A atração pelo cinema talvez tenha sido hereditária. Deschanel é filha de Caleb Deschanel (diretor de fotografia de "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, e de "Uma Mulher Sob Influência", de John Cassavetes, entre outros) e da atriz Mary Jo Deschanel (atuou em "2010: O Ano em que Faremos Contato").

Como atriz, pode ser vista em "Quase Famosos" (2000), "Fim dos Tempos" (2008) e no já cult "500 Dias com Ela" (2009).

A atração pela música veio de aulas de piano e de ouvir discos de jazz e rock dos pais.

Como cantora, ela pode ser ouvida na dupla She & Him. O duo arrancou elogios por "Volume One", eleito disco do ano de 2008 pela respeitada revista americana "Paste", e se prepara para lançar "Volume Two", no final de março (Brasil incluso pelo selo Lab 344).

Com uma voz agridoce, escorada por letras doídas como "Why Do You Let Me Stay Here?", Deschanel tornou-se uma espécie de musa do rock independente. Ela ainda casou-se em 2009 com Ben Gibbard, da banda Death Cab for Cutie.

Deschanel transita tão confortavelmente entre cinema e música que faz com que atuar e cantar pareçam coisas complementares. Mas aí nos lembramos de Juliette Lewis, Keanu Reeves, Madonna e tantos outros e percebemos que Deschanel está em outra categoria.

Em entrevista por telefone, questionada sobre como se diferencia --para melhor-- de seus pares, ela é política: "Não sei se sou melhor ou pior do que os outros. Como cantora, sempre tento fazer música que me agrade. Assim surgiram os dois discos da banda. Eu e Matt fizemos o que queríamos e apenas esperamos que outras pessoas gostem. Acho que essa sinceridade é sentida pelo nosso público".

Deschanel é simpática, fala bastante mesmo quando o assunto não é música --a entrevista foi motivada pelo lançamento do disco do She & Him, não pela estreia de algum filme.

Sobre as diferenças entre cantar e atuar, ela comenta: "São duas coisas que têm a ver com criatividade. Mas as similaridades param aí. Quando escrevo música, escrevo sozinha, é algo solitário. Quando gravo, somos apenas Matt e eu, e talvez o engenheiro de som. É algo intimista. Já fazer um filme é algo grandioso, como uma organização militar. Você deve seguir ordens, uma certa rotina. Gosto de filmes, mas prefiro a música. É mais pessoal".

A música do She & Him é econômica, sem muitos adereços. A voz de Deschanel é acompanhada por teclado, guitarra, uma bateria. Não muito mais do que isso.

Ela compõe a maioria das letras da dupla. Algumas, bem "pessoais"; outras, inspiradas em histórias e situações contadas e vividas por amigos.

Deschanel diz ser uma "otimista", mas não ingênua, como já foi descrita em algumas publicações. "Sou uma pessoa otimista, o que pode ser encarado às vezes como inocência."

Desde a adolescência, Deschanel gostava de ouvir Carole King, Beach Boys, Zombies, Roy Orbison. "Tive lições de piano quando criança. A música sempre fez parte da minha vida. Comecei a escrever letras quando era pequenininha."

"Volume Two" ainda não saiu oficialmente, mas dá para ter uma ideia de como será o álbum no www.myspace.com/sheandhim. No site, pode-se ouvir o primeiro single do álbum, a alegre "In the Sun". A versão brasileira do CD trará uma versão de "I Can Hear Music", das Ronettes, que já foi gravada pelo Beach Boys.

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