quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Close-up, vol.1: Love songs | Suzanne Vega

LABORATÓRIO POP [por Ricardo Schott]:

Não são só os artistas brasileiros que, em alguns momentos, param para regravar suas obras. A grande diferença é que, em vários casos, os gringos, mesmo que estejam sumidos da mídia, fazem isso com um pouco mais de charme e sem aporrinhar os ouvidos dos fãs com autorreleituras de araque. A americana Suzanne Vega decidiu reler sua obra em 4 CDs, cada um enfocando um lado de seu repertório - e ainda deixou de lado seus dois grandes hits, Luka e Tom s dinner, pelo fato de eles não se encaixarem no esquema de "love songs" do primeiro disco da série.  No Brasil, que só a reconhece por Luka, periga muita gente deparar com o CD por aí (Close-up saiu aqui pelo pequeno selo Lab 344) e nem saber que ela tem uma obra tão consistente e numerosa assim. Não é só por esses dois hits que Suzanne é conhecida no Brasil, a bem da verdade - Caramel e Marlenne on the wall, que estão no disco em boas versões, tocaram em FMs de perfil adulto quando de seu lançamento original. O volume 1 da série serve mais como uma boa redescoberta do que como um álbum que vá varrer o mercado. Traz as canções no esqueleto, com voz, violão, poucos acompanhantes e pouquíssimas guitarras. If you were in my movie, para os padrões do disco, conseguiu ficar soturna e suja, com vocais falados lembrando Lou Reed. Gypsy tem estrutura de canção de ninar. Small blue thing, com um pouco mais de mídia, conseguiria conquistar tantos corações quanto os maiores hits da cantora, assim como I ll never be (Your Maggie May), com levada roubada de I got a feeling, dos Beatles. Quem não gosta de sonoridades certinhas e inofensivas, deve fugir - o que o som de Suzanne tem de agridoce, tem de asséptico demais à primeira vista, pronto para adonar comerciais de empresas telefônicas e até reclames de margarina. Se não for esse o problema, vale ouvir.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Suzanne Vega em um exercício de estilo

MONDO POP / por Fabian Chacur em 06 de Agosto: A canção Luka, lançada em 1987 como parte do álbum Solitude Standing, tornou a cantora, compositora e violonista americana Suzanne Vega conhecida mundialmente. Um CD maravilhoso, o segundo de sua discografia, que havia começado dois anos antes com um trabalho autointitulado do qual fazia parte a charmosa Marlene On The Wall. Em termos comerciais, Miss Vega nunca mais teve nada tão potente como esse álbum antológico. No máximo, quem sabe, a música Caramel, espécie de bossa nova pop incluída na trilha do simpático filme Feito Cães e Gatos (1996), com Uma Thurman e Janeane Garofalo. Vendas à parte, a moça continuou lançando obras relevantes, e durante os anos 90 investiu em uma interessante e ousada fusão de sua folk music com o experimentalismo eletro-industrial do tecladista e produtor Mitchell Froom, com o qual foi casado. Seu show no antigo Palace (hoje CitiBank Hall, em São Paulo), em 1998, foi antológico, com essa dualidade eletrônica/acústica muito bem resolvida. Na década que está indo para o saco, ela voltou ao formato folk-pop e se manteve longe dos charts. Seu novo trabalho é, na verdade, uma volta ao passado. Trata-se de Close-Up, que reunirá em quatro álbuns temáticos releituras de canções dos seus álbuns. O primeiro acaba de sair no Brasil. pelo novo selo Lab344. Close-Up Vol.1 Love Songs nos oferece 12 canções de temática romântica, nas quais sua voz e violão predominam, com intervenções delicadas e sutis dos músicos Gerry Leonard (guitarra) e Michael Visceglia (baixo). A voz de Suzanne continua doce e hipnótica, com um jeitão de carochinha pop, contando histórias nem sempre felizes, mas interessantes e dignas de uma trovadora urbana (às vezes, nem tanto). As músicas não diferem muito dos arranjos originais, mas os arranjos mais despidos destacam a voz e o violão, sem nunca nos deixar cair no marasmo ou no bocejo que às vezes esse formato proporciona. O repertório mistura canções mais famosas como Caramel, Marlene On The Wall, Gypsy eStockings com outras tão legais como, entre elas Small Blue Thing, (If You Were) In My Movie eSongs In Red And Gray. Close-Up pode ser considerado um projeto preguiçoso por repetir canções antigas sem grande inovação, um exercício de estilo de uma artista buscando novos rumos ou simplesmente uma deliciosa releitura de músicas maravilhosas feita de forma despretensiosa e quente. Fico com a última alternativa.

Cyndi Lauper homenageia mestres do blues

GUITAR PLAYER / por Henrique Inglez de Souza:
O que tem a ver Cyndi Lauper com mestres do blues? A resposta para essa pergunta é, no mínimo, um disco. Talvez você possa até estranhar, mas a cantora pop lançou no final de junho passado um trabalho dedicado ao estilo. 'Memphis Blues' traz diversas versões e participações especiais. As gravações aconteceram no estúdio Electrophonic Studios, em Memphis (EUA), sob a produção de Scott Bomar e da própria Lauper. São 11 faixas, incluindo 'Down Don't Bother Me' (Albert King), 'Rollin' and Tumblin'' (Muddy Waters) e 'Crossroads' (Robert Johnson). A edição brasileira ainda conta com duas canções de bônus, 'Wild Women Don't Get the Blues' e 'I Don't Want to Cry', a qual contou com nosso conterrâneo Leo Gandelman. Aliás, no que se refere às participações especiais, a cantora esteve bem servida: Jonny Lang, Charlie Musselwhite, Ann Peebles, Allen Toussaint e o mestre B.B. King.

Cyndi Lauper mergulha no mundo do blues

R7 / por Fabian Chacur em 05 de Agosto: Cyndi Lauper ficou famosa nos anos 80 com seus trabalhos alegres, dançantes e com elementos de rock, pop e dance music. Quem está acostumado com esse perfil da cantora americana tomará um susto ao ouvir seu novo CD, Memphis Blues, lançado no Brasil pela gravadora Lab 344. Nesse álbum, a garota que só queria se divertir incorpora uma legítima cantora de blues, com personalidade e talento suficiente para compará-la às grandes divas do gênero. Alias, ela dedica o trabalho a uma delas, a saudosa Ma Rainey. O enfoque é na ala de Chicago desse seminal estilo musical, com direito a solos de gaita, guitarras nervosas e releituras personalizadas de clássicos desse estilo, entre os quais Rollin' And Tumblin', Crossroads, Don't Cry No More e How Blue Can You Get. Os convidados especiais são um capítulo a parte, pois são todos mestres do blues. São eles o gaitista Charlie Musselwhite (que tocou até com os Rolling Stones), o pianista e maestro Allen Toussaint (de Nova Orleans), a cantora Ann Peebles e o guitarrista Jonny Lang, alguns deles em mais de uma faixa. A cereja do bolo blueseiro é a presença do embaixador mundial do blues, mestre B.B. King, que canta e toca guitarra em Early In The Mornin', faixa da qual também participa Allen Toussaint. De quebra, o saxofonista brasileiro Leo Gandelman faz belos solos durante a faixa que encerra o disco, I Don't Want To Cry, que soa mais como uma daquelas deliciosas baladas do rock and roll dos anos 50. Memphis Blues é muito mais do que uma cantora pop fazendo um frila na seara do blues. O disco soa como alguém que não só ama o estilo como o incorporou de forma incondicional o papel que se propôs a vivenciar. Se ela resolvesse ser uma blues woman em tempo integral, certamente se daria muito bem.

Lendas legitimam o blues competente de Lauper

NOTAS MUSICAIS/O DIA / por Mauro Ferreira em 02 de Agosto:
Aos 57 anos, Cyndi Lauper preserva a potência vocal dos anos 80. É com sua voz forte e cortante que a intérprete pop de hits como Girls Just Wanna Have Fun simula o sentimento do blues em seu primeiro disco dedicado ao gênero. Justiça seja feita: o álbum é bom. Até porque não tem como ser ruim um disco que agrega bluesmen como B. B. King (voz e guitarra em Early in the Mornin'), o gaitista Charlie Musselwhite (em Just your Fool e em Down Don't Bother me) e o hábil pianista de Nova Orleans Allen Toussaint (em Shattered Dreams, em Early in the Mornin' e em Mother Earth). Tais lendas legitimam a incursão de Lauper pelo blues. Difícil não se embriagar com o clima de fim de estrada em que a artista ambienta temas como Rollin' and Tumblin' - faixa em que Lauper repõe em cena a voz de Ann Peebles, hoje esquecida cantora associada ao soul de Memphis. Talvez por ter escutado blues desde sempre, como tem revelado em entrevistas, Lauper forja de maneira convincente alma blueseira que dá credibilidade a regravações de clássicos como Crossroads, na qual figura (como cantor e guitarrista) Jonny Lang. Tanto que soa até dispensável a faixa-bônus exclusiva da edição brasileira, I Don't Want to Cry, balada gravada com o saxofonista Leo Gandelman. E o fato é que - por mais que represente, a rigor, o simulacro de um espírito blueseiro - o competente Memphis Blues de Cyndi Lauper é CD coeso esculpido com a pegada dos verdadeiros mestres do gênero.

Com a alma do blues

ACORDES / por Toninho Spessoto em 04 de Agosto:  A garota continua fanfarrona, querendo apenas se divertir, mas agora ao som do blues. Em seu 11o álbum Cyndi Lauper mergulha no universo blueseiro e se dá muito bem. Lançando mão de uma bela seleção de clássicos, a cantora mostra com precisão, emoção e sagacidade o feeling que o gênero exige. E conta com a participação de um timaço de craques. O pianista Allen Toussaint está em Shattered Dreams, Early In The Mornin' e Mother Earth. Mestre B.B. King divide com Cyndi os vocais em Early In The Mornin' (claro que a inseparável guitarra Lucille marca presença). O cantor e guitarrista Jonny Lang está em How Blue Can You Get? e Crossroads. O gaitista Charlie Musselwhite comparece em Just Your Fool e Down Don't Bother Me. A cantora Ann Peebles faz dueto com Cyndi Lauper em Rollin' And Tumblin'. A edição brasileira do CD tem uma faixa-bônus: I Don't Want To Cry, com participação do saxofonista Leo Gandelman. De qualidade.

O blues de Cyndi

ESTADO DE MINAS / por Kiko Ferreira em 05 de Agosto:
A norte-americana Cyndi Lauper chega aos 57 anos de idade e 27 de carreira com um projeto especial. Em Memphis Blues, ela deixa de lado a carreira de estrela pop para recriar o clima dos clássicos discos da gravadora de música negra Stax e colocar seu sotaque de Nova York nos trilhos tradicionais do blue sulista. Tão mutante quanto Madonna, a loura, que já vendeu mais de 30 milhões de discos e teve cinco singles de seu disco de estreia, She's so unusual, na parada da revista Billboard, segue uma trajetória de guinadas e surpresas. Recém-saída de um disco dance, Bring ya to the brink, de 2008, ela chegou a reler standards de jazz no álbum At last, de 2003, fez um álbum
de canções natalinas em 2004 e entrou na onda acústica em 2005 com The Body Acoustic. A fêmea fatal que conquistou o público gay com True Colors e chamou as garotas para a diversão em Girls Just Want To Have Fun mexe, agora, em vespeiro masculino. A maioria das 13 faixas de Memphis Blues foi composta por homens. E ela dá a versão feminina, convidando ícones do gênero para dividir a responsabilidade. Dos velhos músicos de estúdio da Stax, Skip Pitts (guitarra) e Lester Snell (teclados), ao jovem guitar hero Jonny Lang, a lista de colaborações é consistente. O mestre da guitarra B.B. King suinga em Early In The Mornin'; o pianista de New Orleans, Allen Touissant, dialoga com King na mesma faixa e dá o clima de bar enfumaçado em Shattered Dreams e Mother Earth; o gaitista Charlie Musselwhite acrescenta peso e molejo a Just Your Fool e Down Don't Bother Me e até o brasileiro Leo Gandelman surge na relação de convidados com seu sax jazzy na faixa de encerramento, I Don't Want To Cry. A única presença feminina é a especialista AnnPeebles, que ajuda nos vocais de Rollin' And Tumbin', de Muddy Waters. Com uma base feita por alguns dos melhores músicos de estúdio do blues, Cyndi Lauper está à vontade no disco. E mostra maturidade para driblar suas limitações vocais e construir umconjunto consistente que, se não é uma obra-prima, é um legítimo disco de blues.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Cyndi Bluseira

DIÁRIO DE PERNAMBUCO / por Michelle Assumpção:
Esqueçam a Cyndi Lauper extravagante, pop e hit girl dos anos 1980. Aos 57 anos, ela reaparece com a mesma potência vocal de quando estorou mundialmente. Mas vem mais contida e luxuosa, entoando sentimentos blues em seu primeiro disco dedicado ao gênero, Memphis blues. Entre as participações estão a de B. B. King, o gaitista Charlie Musselwhite e o pianista Allen Toussaint, de New Orleans. Na faixa bônus da edição brasileira foi incluída a faixa I don't want to cry, gravada com o saxofonista Leo Gandelman.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Suzanne Vega: Mais sofisticada em seu novo trabalho

ESTADO DE MINAS / por Mariana Peixoto:
Grandes hits têm o poder do bem e do mal. No caso da cantora Suzanne Vega, Luka, a deliciosa canção pop que a fez tornar-se conhecida mundo afora em meados dos anos 1980, atrapalhou mais do que ajudou. Na época (o ano era 1987), o sucesso acabou abrindo as portas do meio fonográfico. Por outro lado, como Vega não conseguiu emplacar outro da mesma forma, viu-se presa a Luka por anos e anos. É isso, ao menos, o que aparece na superfície daquele ouvinte que passa ao largo do que toca em rádio. Um recado para os desavisados: ao longo de mais de 20 anos, Vega continuou produzindo. Não músicas fáceis, mas canções bem trabalhadas, com sotaque ora folk, ora jazzístico e letras de cunho literário, certamente influência de mestres como Leonard Cohen e Bob Dylan. Enfim, um pop sofisticado que não costuma chegar a ouvidos descuidados. Ganhou, nas últimas décadas, a aura de cult. Sua produção lhe deu o luxo de reler a própria obra em quatro álbuns temáticos, que levam o nome de Close- up. O primeiro deles, que ganha agora edição nacional pelo selo Lab 344, é Love songs. Em 12 faixas, Vega relê seu repertório em formato bem intimista (baixo, violão e guitarra). Despidas de grande instrumentação, as músicas de Vega têm um ar por vezes melancólico. Que o diga Small blue thing, faixa de abertura, gravado originalmente em Suzanne Vega (1985), o disco de estreia da cantora e compositora. Adepta das metáforas poéticas, aqui ela se coloca como "um pequeno objeto azul", que pode "chover aos pedaços". Na sequência, uma das músicas mais conhecidas da cantora, graças à inclusão na trilha sonora de Closer – Perto demais. Caramel não está muito diferente de sua primeira versão, mas o violão dá um leve sotaque bossa-novista. Em (If you were) in my movie, Vega deixa a interpretação mais suave de lado para cantar com voz grave, que acentua a intensidade da música. Gypsy, por sua vez, é a que tem a levada folk nos moldes tradicionais, o que levou Vega, no início de carreira, a ser comparada a Joni Mitchell. A verborrágica Marlene on the wall tem onda semelhante. "São canções de amor, mas que também falam de atração, flerte e confronto", escreveu Vega, hoje aos 51 anos, no encarte do álbum, também produzido por ela. No fim das contas, o que Love songs prova é que tanto cantora quanto sua obra passaram bem no teste da passagem do tempo.

Mandy Moore: Com os próprios pés

Mandy Moore lança disco novo e assume a maturidade e a responsabilidade de suas músicas

DIÁRIO DE SANTA CATARINA / por Vinicius Bastista: Mandy não, Amanda! Ao dar ao título de seu novo álbum, Amanda Leigh, o nome com que foi batizada, Mandy Moore faz mais do que uma volta às raízes: pretende mostrar amadurecimento. Apesar de nunca chegar ao estrelato, desde 1999 mantém um público fiel. Um público teen, é verdade, mas que correspondia à ingenuidade de seus primeiros álbuns.
No primeiro verso da canção Pocket Philosopher, Mandy diz que "agora eu estou andando sobre meus próprios pés" (Now I'm walking on my own two feet). O disco mostra essa fase da cantora, assumindo sua maturidade e a responsabilidade de sua música. Ela assina todas as canções do álbum e traz uma sonoridade menos adolescente. A voz ainda tem os trejeitos jovens, mas não prejudica essa tentativa de assumir uma nova postura.
Apesar de transitar num mar de pop/rock balada, como o do single I Could Break Your Heart Any Day Of The Week, os arranjos de algumas canções, especialmente Pocket Philosopher e Merrimack River, mostram ondas de criatividade e beleza.