LABORATÓRIO POP [por Ricardo Schott]:
Não são só os artistas brasileiros que, em alguns momentos, param para regravar suas obras. A grande diferença é que, em vários casos, os gringos, mesmo que estejam sumidos da mídia, fazem isso com um pouco mais de charme e sem aporrinhar os ouvidos dos fãs com autorreleituras de araque. A americana Suzanne Vega decidiu reler sua obra em 4 CDs, cada um enfocando um lado de seu repertório - e ainda deixou de lado seus dois grandes hits, Luka e Tom s dinner, pelo fato de eles não se encaixarem no esquema de "love songs" do primeiro disco da série. No Brasil, que só a reconhece por Luka, periga muita gente deparar com o CD por aí (Close-up saiu aqui pelo pequeno selo Lab 344) e nem saber que ela tem uma obra tão consistente e numerosa assim.
Não é só por esses dois hits que Suzanne é conhecida no Brasil, a bem da verdade - Caramel e Marlenne on the wall, que estão no disco em boas versões, tocaram em FMs de perfil adulto quando de seu lançamento original. O volume 1 da série serve mais como uma boa redescoberta do que como um álbum que vá varrer o mercado. Traz as canções no esqueleto, com voz, violão, poucos acompanhantes e pouquíssimas guitarras. If you were in my movie, para os padrões do disco, conseguiu ficar soturna e suja, com vocais falados lembrando Lou Reed. Gypsy tem estrutura de canção de ninar. Small blue thing, com um pouco mais de mídia, conseguiria conquistar tantos corações quanto os maiores hits da cantora, assim como I ll never be (Your Maggie May), com levada roubada de I got a feeling, dos Beatles. Quem não gosta de sonoridades certinhas e inofensivas, deve fugir - o que o som de Suzanne tem de agridoce, tem de asséptico demais à primeira vista, pronto para adonar comerciais de empresas telefônicas e até reclames de margarina. Se não for esse o problema, vale ouvir.