sábado, 5 de dezembro de 2009

Crítica de 'Varshons' (The Lemonheads) no Estado de Minas

Evan Dando e o seu Lemonheads chegam ao Brasil em disco com mais acertos do que erros
 
Bonito, problemático e carismático, Evan Dando era o queridinho das garotas nos anos 1990.
O rock norte-americano dos anos 1990 tem em Kurt Cobain seu ídolo maior. A ascensão do Nirvana, que tornou viável comercialmente as bandas independentes, apresentou muitas outras caras. Evan Dando, naquela década, não tinha concorrentes. Bonito, problemático, carismático, logo se tornou queridinho das garotas. Seu Lemonheads era bem menos intenso do que o Nirvana, fazia uma mistura de punk com pop music e não demorou a ganhar as rádios.

Os anos passaram, o sucesso chegou, assim como os problemas (inclusive com drogas). O então trio se desfez, já que há muito a banda havia se tornado o grupo de Dando. Passou-se uma década até que o Lemonheads voltasse, em 2006, com um disco. As canções do álbum The Lemonheads eram, em sua maior parte, autorais. Material muito diferente desse Varshons, que ganha agora edição nacional pelo selo carioca LAB 344.

Na década passada, o Lemonheads ficou também conhecido por versões superpessoais de canções de gente que parecia não ter nada a ver com a banda. Colocaram num mesmo saco ABBA, Metallica, New Kids on the Block e até mesmo Whitney Houston, ainda que as gravações que viraram hit com a banda tenham sido de Simon & Garfunkel (Mrs. Robinson) e Suzanne Vega (Luka).

Varshons é o primeiro álbum de Dando única e exclusivamente dedicado às versões. Produzido por Gibby Haynes, líder da banda Butthole Surfers, nasceu de mixtapes que os dois trocavam. É um disco digno dos melhores momentos do Lemonheads. Aberto com a cover de I just can't take it anymore, de Gram Parsons, ídolo de Dando desde sempre, começa em tom de country-rock. O mesmo clima permanece na primeira parte do disco. Fragile tem andamento lento e Layin' up with Linda, mais rápida, é marcada pela interpretação grave da voz de Dando.

A história só muda (aí radicalmente) na sétima faixa, Dirty robot, que conta com a participação da modelo Kate Moss. Cheia de programações eletrônicas (com Dando cantando com o recurso do vocoder, aquela voz metálica, meio robótica, que fez a cara dos anos 1980), é mais curiosa do que interessante. Dandelion seeds é um rock poderoso, enquanto a cover de Hey, that's not way to say goodbye, em dueto com Liv Tyler, é bonita, mas não acrescenta muito à original de Leonard Cohen. Por fim, em momento doce, Dando, acompanhado de apenas uma guitarra, descontrói o hit Beautiful, de Linda Perry, mais conhecido pela gravação de Christina Aguilera. Mesmo causando certa estranheza, Evan Dando e seu Lemonheads mais acertam do que erram em Varshons. Ousar sempre faz bem.
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário