quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Entrevista do a-ha para o Jornal de Brasília

Jornal de Brasília conversa com tecladista do A-Ha sobre o fim da banda


09/12/2009

A forte onda dos anos 80 dá sinais de que está perto do seu fim e, junto com ela, uma das bandas que mais influenciou o pop mundial e ajudou a moldar as tendências de moda, cultura e música daquela década. A-Ha, grupo norueguês formado por Magne Furuholmen (teclado), Morten Harket (vocal), e Paul Waaktaar-Savoy (guitarra), são os criadores de sucessos como Take On Me, You Are The One. No entanto, eles resolveram que o tempo de fazer discos juntos passou. O álbum Foot of The Mountain, lançado neste ano, é o último. Este trabalho também vem junto com a turnê de despedida, que será das maiores. Só no Brasil, ela passará por mais de cinco cidades. Com tanta importância para o mundo pop, o Jornal de Brasília não podia deixar passar em branco, e conversou com Magne Furuholmen para fazer um balanço da carreira da banda.

JBr - Como é promover um CD novo, quando a banda anunciou que vai acabar?
Magne - Nós anunciamos que este será o nosso o último álbum e nossa turnê de despedida, então a banda continua normalmente até o dia 4 de dezembro de 2010, quando vamos fazer nosso último show em Oslo, Noruega. Nós temos um ano bem longo pela frente e uma das turnês mais pesadas que já fizemos, desde os anos 80. Logo, promover este disco se parece exatamente como qualquer outro álbum. Nós passamos muito tempo nos dedicando para torná-lo o melhor possível. Uma vez que decidimos que a não iríamos mais gravar discos juntos, como uma banda, tivemos que decidir quando dizer adeus e se faríamos uma última turnê de celebração com nossos fãs pelo mundo. Por isso que o anuncio culminou com a divulgação do CD.

JBr - A recepção do disco foi muito boa, vocês esperavam isso?
Magne - Essa recepção boa da crítica nos pegou de surpresa. É o final perfeito, ao invés de se desmanchar como uma banda que vendeu muitos discos e não tem nada mais além disso. Esse álbum realmente me dá a oportunidade de celebrar o fim de A-HA como uma grande banda.

JBr - Porque vocês resolveram acabar a banda?
Magne - Acho que foi um reconhecimento do tanto de tempo que nos leva para fazer um disco. Nós temos 25 anos juntos com uma jornada maravilhosa. Desde que éramos os três garotinhos de Oslo que sonhavam em conquistar o mundo com a música. Acho que muitas bandas continuam juntas mesmo que as motivações não sejam as melhores. Elas são lembradas pelo trabalho que fizeram e não pelas desculpas que usam para continuar tocando em lugares meio cheios, ficando velho e fazendo isto pelo dinheiro. Eu não queria que o A-HA se tornasse uma dessas bandas. Eu vejo muito talento no nosso trabalho para continuar, mas temos nossas diferenças em relação à banda e não é fácil fazer as coisas darem certo sempre. É muito trabalhoso ser parte de um grupo como o A-HÁ. Penso que poderia usar meu tempo de uma maneira mais proveitosa. É saudável voltar ao ponto zero. Achamos que deveríamos apenas celebrar uma longa carreira e terminar enquanto estamos no topo, ao invés de desaparecer.

JBr - O que você pretende fazer daqui para frente?
Magne - Eu gosto de estar envolvido com a arte, e vou continuar na música. Gosto de fazer parcerias, e ainda mais com quem reconhece o prazer do trabalho em grupo. Uma das coisas que estou animado é um projeto de arte, ciência e música. É baseado em um formato livre para pessoas que obtiveram sucesso em outras situações e agora querem provar algo fora da fórmula, com menos bagagem e limites. Todos são integrantes de outras bandas, tem um do Coldplay, um de um banda holandesa, o produtor do Jason Mraz. Ter parcerias fora da banda é bom. Mesmo durante o A-HÁ, nós tivemos nossas carreiras solo.

JBr - Qual o legado de A-HA para a música mundial e norueguesa?
Magne - Acho que deixamos um legado um pouco estranho. Nós começamos na cabeça das pessoas apenas como uma banda pop que foi perseguida por muitas meninas que nos deram status de fenômeno. Ao mesmo tempo, fizemos músicas que tinham significado para muita gente, como os irmãos Gallagher, do Oasis. Os integrantes do U2 disseram que o A-HA foi subestimado como banda. Acho que muitos nos viam apenas como um fenômeno, e isso nos frustrava e entristecia porque nossa música não era falada. Sempre que éramos entrevistados era sobre fama, boa aparência, ou qualquer outra coisa. Isso nos incomodava. Quando voltamos em 2000, uma das coisas mais gratificantes foi perceber que a atitude em relação à banda havia mudado e estava bem mais de acordo com o que pensávamos. Acredito que o A-HA deixou para trás um tempo considerável de definição da música pop. Nós ajudamos a moldar os anos 80 musicalmente por mal gosto em roupas (risos). Somos também uma banda que, com 25 anos, ainda conseguiu fazer um disco relevante, que trouxe um olhar diferente. É a deixa perfeita para pular fora (risos).

JBr - Quais são as melhores lembranças das turnês no Brasil?
Magne - São tantas, é difícil dizer uma. O Brasil foi uma injeção de auto-estima em nossa carreira. Havíamos feito a primeira turnê ao redor do mundo, e o encanto com a banda estava diminuído entre o terceiro e o quarto disco. Então fomos para a América do Sul e descobrimos uma aproximação totalmente diferente em relação à banda e nossas músicas. Ficamos muito contentes com essa injeção de confiança que nos deram. Nunca consegui entender o que fez os brasileiros abraçarem o A-HA. Nós éramos noruegueses de um país gelado do norte. Mas aí, penso que tem a ver com a paixão. Quero dizer os brasileiros são pessoas passionais, e eu acho que eles reconheceram uma paixão em nossas músicas. É uma conexão inusitada entre a atitude melancólica escandinava para a vida e a sensualidade e o calor sul-americano. Mesmo sendo forças opostas, dividem um laço com a paixão.
Da redação do Jornal de Brasília



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